domingo, 7 de maio de 2017

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Caro leitor,

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Aguardamos suas duvidas, perguntas e sugestão de assuntos para os próximos artigos e videos.

Abraços

Marcos Weigt


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Hedge cambial para empresas



Hedge é uma operação que reduz ou elimina o risco com a variação de preços indesejados. Pensando de maneira diversa, o hedge serve para fixar o preço de um ativo, passivo, taxa de câmbio, taxa de juros, insumo/commodity ou uma dívida em um determinado período.

As operações mais comuns de hedge são as que protegem exportadores e importadores de variações na taxa de câmbio. Normalmente essa proteção é feita com o uso de derivativos no mercado de balcão (Bancos ou Corretoras), os NDF (non deliverable forward) ou seja, são fixações de preços da taxa de câmbio em uma data futura, com liquidação por diferença, sem troca de principal no final.

O valor a pagar ou receber no derivativo vai compensar o pagamento a maior ou menor no objeto do hedge (Exportação, Importação ou Dívida).

O hedge não tem como objetivo proporcionar ganhos ou perdas, ele serve para fixar uma quantidade ou preço em uma data futura. A operação de hedge precisa ser olhada como um todo, o objeto do hedge mais o resultado do derivativo usado para isso. Portanto frases como: "Ganhei muito dinheiro com a venda de NDF pra exportação!" ou "O dólar caiu muito! Perdi muito dinheiro com a operação de hedge da minha importação!" não deveriam fazer parte das conversas nas empresas.

A decisão quanto a fazer ou não o hedge, ou seja, ter uma política para gestão de risco de mercado, é um tópico que gera muita discussão.

Afinal de contas, é bom ou não é bom fazer hedge?

A resposta é: Depende!

Muitos fatores precisam ser levados em consideração no momento de decidir se a empresa deve ou não fazer o hedge. Algumas perguntas precisam ser respondidas:

  1. Qual a moeda funcional da empresa? Em qual moeda os acionistas querem ser remunerados? Se for o Real, todas as outras moedas vão gerar risco de mercado.
  2. As empresas que são concorrentes diretos no mercado de atuação fazem hedge?
  3. Consigo repassar as altas nos custos aos meus consumidores?
  4. Na composição de preços, quanto são custos na minha moeda funcional (no caso de empresas brasileiras, normalmente o Real) e que parcela está indexada em outras moedas?
  5. Em quais moedas a empresa faz as suas vendas? Todas as vendas são feitas na moeda funcional?
  6. Qual é o regime de flutuação de câmbio no país?
  7. Quanto custa para se fazer o hedge?

Depois de responder a essas perguntas, a empresa precisa tomar uma decisão quanto a utilizar ou não as operações de hedge. Tomada a decisão formal, é importante que ela seja registrada em um documento (Política de Hedge), descrevendo o que motivou a decisão e os detalhes de como será operacionalizado. Isso faz com que os gestores e outros stake holders, tenham o mesmo grau de entendimento sobre o assunto, o que diminuirá muito os atritos no futuro.

Tem uma citação que gosto muito que ilustra bem isso:

"O Hedge reduz o risco da empresa, mas pode aumentar os riscos pessoais do gestor financeiro se os colegas e acionistas não entenderem seu objetivo."

No próximo artigo vou falar sobre a escolha dos diversos derivativos disponíveis para a proteção das empresas.

Para mais informações acesse: http://www.akt1.com.br/



Intervençõs no câmbio - Entrevista Arminio Fraga

Vários clientes perguntando nossa opinião sobre as declarações do Armínio Fraga com relação a descontinuidade das intervenções no câmbio. Como parece ser um assunto de interesse para a maioria das empresas, vou fazer alguns comentários sobre a questão.
Abaixo trecho de outra entrevista dele para o Estado de SP:
Na avaliação de Fraga, a economia brasileira está "quase derretendo", com um crescimento próximo de zero.
Em participação por vídeo em seminário realizado em Washington, o economista criticou intervenções do governo para controlar preços administrados e a taxa de câmbio, defendeu aproximação com os Estados Unidos e distanciamento dos governos bolivarianos, defendeu maior abertura do País ao exterior e propôs critérios mais estritos para concessão de empréstimos subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Nós vimos esse filme antes. Essas coisas funcionam por algum tempo, mas depois voltam para assombrá-lo", afirmou, em relação às intervenções governamentais na economia para controlar preços e câmbio.
Fica claro que ele é contra grandes intervenções, mas não deu indicação com relação a intervenções pontuais.
O mercado como falamos em outros informativos é bipolar, ou está muito otimista, e portanto existe grande fluxo de dólares para o Brasil, seja para investimento direto, empréstimos ou portfólio (Investimentos em Renda Fixa e Renda Variável) ou está pessimista, e nesse momento todos querem sair do país ao mesmo tempo.
E nesses momentos, se não existir uma intervenção por parte do Banco Central, os movimentos se retroalimentam (principalmente no pessimismo), e portanto acontecem os "overshootings".
Uma moeda muito volátil afeta todo mercado financeiro, política monetária e prejudica também as empresas, que sem um mínimo de previsibilidade quanto à taxa de câmbio, não conseguem fazer um planejamento de longo prazo quanto à mercados, preços de produtos, vendas, dívida e investimentos.
Portanto, acredito que eles vão deixar o câmbio flutuar de acordo com seus pares no exterior, não vão mais usar as intervenções para manter o câmbio artificialmente valorizado para "segurar" a inflação, mas não vão abrir mão de intervenções pontuais em momentos de grande volatilidade.
Fiquem à vontade para nos contatar caso tenham outas questões!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

É bom fazer hedge da produção agrícola?




A operação de hedge (ou cobertura) tem como objetivo fixar o valor de um pagamento ou recebimento futuros, na moeda escolhida.

Como exemplo, podemos pegar um agricultor, que produz soja, e que tem como expectativa colher 10mil sacas em sua fazenda. Hoje a soja em sua região está cotada a 55,00 reais, mas ele só irá colher em 6 meses. Nesse momento surgem algumas questões como:

Quanto vai estar a saca de soja no momento da venda?

Será que terei dinheiro suficiente para pagar todas as despesas e ainda ficar com lucro?

E se o preço da soja cair muito?

É exatamente para resolver essas questões que existem as operações de hedge. Esse agricultor poderá vender parte ou toda a sua produção a termo, ou seja, poderá fixar o preço hoje para entrega em 6 meses, e garantir o recebimento de um montante fixo de reais. Com isso ele garante que conseguirá pagar seus custos e sua margem de lucro. Existe também os mercados futuros para essa fixação.

E como é formado esse preço da saca de soja em 6 meses?

Existem dois componentes para a formação desse preço. O primeiro é o preço da soja no mercado futuro de Chicago (CBOT) que tem uma cotação em dólares e o segundo é o preço do dólar futuro para o mesmo prazo aqui no Brasil.
A primeira operação vai nos dar a quantidade de dólares que receberemos por nossa produção se soja, e o segundo preço vai fixar a quantidade de reais.

Esse produtor também poderá decidir se ele fixa somente o preço da soja em dólares, e fica exposto a variação do dólar aqui no Brasil, ou se fixa os dois preços. Essa mesma lógica funciona para a maioria das commodities que são cotadas em dólares.

E respondendo à pergunta do título: É bom fazer hedge da produção agrícola?

A resposta é, depende!
Existe uma série de questões que precisam ser analisadas para se tomar essa decisão. No caso desse agricultor, ele precisa analisar se seus custos estão todos em reais, se ele tem dívidas em dólares ou indexada a sacas de soja, se no momento da decisão o preço futuro está gerando uma margem adequada ao risco que ele corre com a atividade, se ele tem uma situação financeira sólida para aguentar uma queda nos preços. Precisa quantificar também a chance de uma quebra de safra em sua região, cálculo que poderá ser feito olhando o histórico de safras passadas.

Por exemplo, se ele sabe que, na safra seguinte terá que comprar insumos (adubo, sementes, fertilizantes) que tem seus preços indexados ao dólar, ou a sacas de soja, deverá deixar essa parcela da produção sem hedge, pois assim estará correndo menos riscos.

Enfim, infelizmente não existe uma fórmula mágica para se tomar essa decisão, pois as variáveis são muitas e portanto é essencial a análise da situação particular de cada produtor.

Para mais informações acesse: http://www.akt1.com.br/


Curso gestão de risco e hedge cambial

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O que move o dólar no Brasil? Moedas e o Carry trade


Quando tentamos explicar as oscilações diárias do dólar aqui no Brasil, normalmente buscamos motivos internos, como resultados de pesquisas eleitorais, venda de Swaps pelo Banco Central ou nossa taxa de juros, mas na maioria das vezes a explicação está ligada a movimentação de outras moedas pelo mundo.
Nos últimos meses, o dólar vem se valorizado contra a maioria das moedas (Vide gráficos abaixo), e por aqui não poderia ser muito diferente uma vez que nossos fundamentos não são dos melhores.
Em contrapartida temos o maior juro real do mundo, o que incentiva os gestores de recursos de outros países a aplicarem parte de seus recursos por aqui, na famosa operação de Carry trade (Ficar "comprado" em Reais e "vendido" em outros moedas como o Dólar).
Para reduzir o risco, diminuindo um pouco o retorno, podem fazer o Carry Trade, comprando Reais e vendendo moedas com grande correlação positiva como o Dólar Australiano (Lá a taxa de juros é de 3% a.a. contra 11% a.a. por aqui).
É muito difícil saber o estoque dessas operações em Reais, mas com certeza é muito grande! Em 2014, até o momento, os japoneses investiram USD 2,47 bilhões nos fundos Uridahis em Reais.
É claro que esse tipo de operação funciona em tempos, digamos normais, enquanto a volatilidade estiver baixa e os fundamentos não piorarem ainda mais.
Gráfico 1 - alta correlação do dólar australiano com o real (2 anos)


Grafico 2 - Real x Euro x Yen (3 meses)

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