Com o aumento da volatilidade do dólar e das commodities e com a incerteza quanto à sustentabilidade da política econômica no Brasil em face da possibilidade de menor liquidez no mercado americano, as empresas voltam a preocupar-se com custos e receitas atrelados a essas variáveis e à gestão do seu risco de mercado. O risco de mercado é ligado a perdas causadas pela oscilação de preços das commodities, das taxas de juro e câmbio.
Nesse momento aparecem dúvidas, como: estamos avaliando corretamente
todos os fatores que nos trazem risco de mercado? Devemos fazer hedge dos nossos ativos, passivos,
receitas e despesas em outras moedas ou atrelados à variação das commodities?
Existe hedge natural para a nossa
dívida em outras moedas? Os controles existentes são robustos e suficientes? Os
gestores estão cientes do potencial de perdas que os riscos apresentam?
Essa preocupação é válida, tendo em vista que o risco de mercado
pode levar a empresa rapidamente à insolvência. No Brasil e no mundo há bons exemplos de como
uma gestão equivocada do risco de mercado compromete a solidez das empresas.
Pode-se garantir, nesse caso, que o maior risco é o que a empresa
não conhece. Portanto, a primeira providência a tomar é a de conhecer os
fatores que trazem risco de mercado para ela. Como exemplos desse risco têm-se a compra, venda e
fixação do preço de commodities, o fechamento de câmbio, o embarque de
mercadorias, os contratos a termo, contratação de empréstimos etc.
Conhecidos os fatores de risco e tendo em conta os objetivos
estratégicos e as expectativas de retorno, cabe entender se a empresa deseja ficar
exposta ao risco cambial e à possibilidade de variação de preços das
commodities.
Se a decisão da empresa for assumir um risco direcional, a gestão e o
controle de riscos precisam ser muito robustos, em condições de garantir que os
gestores, acionistas e conselheiros conheçam exatamente o potencial de perda no
caso de um movimento de preços de mercado contrário às posições assumidas.
Nesse sentido, planejamento é a palavra-chave. Todos precisam saber
exatamente o que fazer se ocorrerem perdas. É indispensável estabelecer limites de perda máxima de acordo com o “apetite de risco”, encerrando as posições se o
limite for atingido.
A pergunta no caso é se a empresa dispõe de diferenciais
competitivos para assumir esse tipo de risco.
Para as empresas que têm a política de trabalhar minimizando o risco
com operações de hedge, a gestão e os
controles de risco não precisam ser tão sofisticados. Mesmo assim, porém,
precisam existir, pois garantem que todos os fatores de risco estejam
contemplados e que os melhores instrumentos derivativos sejam escolhidos para assegurar
a efetividade do hedge.
Dado que o custo de capital exigido pelos acionistas depende do
risco incorrido, é importante que os resultados decorrentes das atividades-fim
da empresa (recorrentes) sejam segregados dos resultados originados por risco
de mercado e do hedge, pois os
acionistas e investidores vão exigir maior retorno de uma empresa que assume maior
risco.
A volatilidade de preços também tem influência no risco de crédito. Nas
empresas ligadas ao agronegócio, a volatilidade nos preços de commodities e de câmbio
pode afetar o risco de crédito dos seus fornecedores, normalmente produtores
rurais que são financiados por elas.
O risco de crédito pode ser mapeado e modelado de acordo com as
características dos devedores, com a sua concentração e o setor de atuação. É
aconselhável criar, por exemplo, cenários para a produção de grãos em
determinada região, assim indicando o potencial de impacto de uma quebra de
safra sobre a solidez dos clientes.
Esses fatores contribuem para alterar o custo da dívida. Nos países
desenvolvidos é prática comum uma grande transparência e abertura no que se
refere aos fatores de risco, às operações derivativas e aos controles aos bancos
parceiros. Dessa maneira as empresas que têm controles e governança robustos conseguem
muitas vezes uma redução no custo do crédito.
Isso ainda não é frequente no Brasil, mas percebe-se que os bancos e
investidores estão demandando a adoção sempre maior das melhores práticas na
área. Com certeza as empresas vão perceber que, mais que uma exigência
burocrática, a transparência e a boa gestão de riscos trazem um extraordinário
ganho na gestão e no entendimento do negócio.
Para mais informações acesse: http://www.akt1.com.br/
Para mais informações acesse: http://www.akt1.com.br/