Hedge é uma operação que reduz ou elimina o risco com a variação de preços indesejados. Pensando de maneira diversa, o hedge serve para fixar o preço de um ativo, passivo, taxa de câmbio, taxa de juros, insumo/commodity ou uma dívida em um determinado período.
As operações mais comuns de hedge são as que protegem exportadores e importadores de variações na taxa de câmbio. Normalmente essa proteção é feita com o uso de derivativos no mercado de balcão (Bancos ou Corretoras), os NDF (non deliverable forward) ou seja, são fixações de preços da taxa de câmbio em uma data futura, com liquidação por diferença, sem troca de principal no final.
O valor a pagar ou receber no derivativo vai compensar o pagamento a maior ou menor no objeto do hedge (Exportação, Importação ou Dívida).
O hedge não tem como objetivo proporcionar ganhos ou perdas, ele serve para fixar uma quantidade ou preço em uma data futura. A operação de hedge precisa ser olhada como um todo, o objeto do hedge mais o resultado do derivativo usado para isso. Portanto frases como: "Ganhei muito dinheiro com a venda de NDF pra exportação!" ou "O dólar caiu muito! Perdi muito dinheiro com a operação de hedge da minha importação!" não deveriam fazer parte das conversas nas empresas.
A decisão quanto a fazer ou não o hedge, ou seja, ter uma política para gestão de risco de mercado, é um tópico que gera muita discussão.
Afinal de contas, é bom ou não é bom fazer hedge?
A resposta é: Depende!
Muitos fatores precisam ser levados em consideração no momento de decidir se a empresa deve ou não fazer o hedge. Algumas perguntas precisam ser respondidas:
- Qual a moeda funcional da empresa? Em qual moeda os acionistas querem ser remunerados? Se for o Real, todas as outras moedas vão gerar risco de mercado.
- As empresas que são concorrentes diretos no mercado de atuação fazem hedge?
- Consigo repassar as altas nos custos aos meus consumidores?
- Na composição de preços, quanto são custos na minha moeda funcional (no caso de empresas brasileiras, normalmente o Real) e que parcela está indexada em outras moedas?
- Em quais moedas a empresa faz as suas vendas? Todas as vendas são feitas na moeda funcional?
- Qual é o regime de flutuação de câmbio no país?
- Quanto custa para se fazer o hedge?
Depois de responder a essas perguntas, a empresa precisa tomar uma decisão quanto a utilizar ou não as operações de hedge. Tomada a decisão formal, é importante que ela seja registrada em um documento (Política de Hedge), descrevendo o que motivou a decisão e os detalhes de como será operacionalizado. Isso faz com que os gestores e outros stake holders, tenham o mesmo grau de entendimento sobre o assunto, o que diminuirá muito os atritos no futuro.
Tem uma citação que gosto muito que ilustra bem isso:
"O Hedge reduz o risco da empresa, mas pode aumentar os riscos pessoais do gestor financeiro se os colegas e acionistas não entenderem seu objetivo."
No próximo artigo vou falar sobre a escolha dos diversos derivativos disponíveis para a proteção das empresas.
Para mais informações acesse: http://www.akt1.com.br/